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CRASP - Profissionais da Administração são a favor da jornada de 4 dias úteis




Após ser avaliado e aprovado em diversos países, como Reino Unido, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia, o projeto-piloto da jornada de trabalho semanal de quatro dias chega ao Brasil. O programa, idealizado pela comunidade sem fins lucrativos 4 Day Week Global, conta com a parceria da empresa brasileira Reconnect Happiness at Work, especializada em felicidade corporativa e liderança positiva. Juntas, elas vão implementar e analisar a possibilidade de redução para quatro dias úteis dentro das organizações participantes, com base no modelo 100-80-100, em que o colaborador recebe 100% de pagamento, trabalhando 80% do tempo e mantendo 100% da produtividade.

Segundo Renata Rivetti, diretora da Reconnect e especialista em felicidade corporativa, cerca de 100 empresas brasileiras participaram das primeiras sessões informativas sobre o programa-piloto, que aconteceram em junho. A expectativa, no entanto, é de que em torno de 30 a 40 empresas participem do experimento. “A maioria das organizações podem atuar com a jornada de trabalho reduzida mantendo a produtividade semanal. Claro que isso é mais fácil para as empresas de capital intelectual do que para aquelas que possuam operações presenciais 24x7 ou jornadas em fábricas com turnos mais longos. Nos pilotos globais, por exemplo, temos visto setores de saúde, manufatura e até turismo participando”, explica a diretora.

Nas próximas etapas, as organizações participantes irão passar por treinamentos em sessões de masterclasses em grupo; terão acesso às pesquisas da Boston College, cuja metodologia permite mensurar os resultados antes, durante e depois do piloto; e farão testes práticos com duração de seis meses.

O custo para participar do piloto variou conforme a quantidade de participantes. Para empresas de pequeno porte, com menos de 20 funcionários, a contribuição foi de R$7 mil reais; já as organizações de grande porte, com mais de mil funcionários, desembolsaram R$ 75 mil, em um pagamento único para os 12 meses do projeto. “Como organização sem fins lucrativos, essas doações são exclusivamente usadas para cobrir os custos de execução dos programas-piloto 4 Day Week Global”, justifica Renata.



Implementação do projeto no Brasil

Os motivos que levaram ao desenvolvimento desse estudo no País, segundo Gabriela Brasil, líder de comunidade da 4 Day Week Global, partiram da observação da produtividade brasileira por hora trabalhada, que apresentou pouco crescimento ano após ano, apesar das mudanças significativas no mundo corporativo e do aumento da tecnologia e inovações.

Além disso, os indicadores de saúde mental apontam o Brasil como a nação mais ansiosa do mundo e a segunda colocada em Síndrome de Burnout. “Esses fatores motivaram a realização do estudo, visando criar um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo para os colaboradores brasileiros”, explica a líder.

A implementação do projeto, no entanto, esbarra em um desafio constante nas organizações: a mudança de paradigma. Gabriela revela que muitas empresas que optam pelo piloto já estão em contato com novas visões de trabalho e dispostas a repensar medidas de produção.

“Para alterar o modelo de trabalho é necessário uma mentalidade de adaptação e a participação de toda liderança e equipes. Outro desafio é o de ajustar o horário de trabalho para atender às necessidades dos clientes sem comprometer a produtividade e o bem-estar dos funcionários”, complementa Gabriela.



Vantagens do novo modelo

A jornada de quatro dias úteis, explica Renata, permite que as organizações obtenham a mesma produtividade (e diversos outros ganhos) em menos tempo de trabalho. “As empresas que fizeram a transição para uma semana de trabalho com 32 horas perceberam aumento na produtividade, maior atração e retenção de talentos e maior envolvimento do cliente”, conta a diretora da Reconnect.

Quanto às vantagens para os colaboradores, Gabriela comenta que foram notadas melhorias no bem-estar, no equilíbrio entre vida pessoal e profissional, redução do estresse e Burnout, além de benefícios mais amplos, que vão além do ambiente corporativo. “É um projeto com foco inicial no aumento da produtividade, mas que acaba resultando em ganhos para os indivíduos, suas famílias e toda a sociedade”, complementa Renata.


Profissionais da Administração aprovam

Um recente levantamento realizado pelo CRA-SP, entre 26 de junho e 3 de julho, mostrou a opinião dos profissionais da área da Administração quanto à semana com um dia a menos de trabalho. O estudo ouviu 484 profissionais registrados no Conselho (438 administradores, 36 tecnólogos na área da gestão e 10 técnicos) e a maioria deles é a favor da implementação da jornada reduzida de trabalho, porém o percentual de aprovação varia conforme o nível hierárquico e a modalidade de trabalho em que atuam. Confira:


Nível hierárquico

Entre aqueles que são donos do próprio negócio 57,9% são a favor 42,1% são contra

Entre aqueles que são autônomos 75,5% são a favor 24,5% são contra

Entre aqueles que exercem um cargo de liderança (coordenador, gerente, supervisor, etc.) 81,6% são a favor 18,4% são contra

Entre aqueles que exercem um cargo operacional (assistente, técnico, analista, etc.) 92,5% são a favor 7,5% são contra

Modelo de trabalho

Entre os profissionais que trabalham 100% presencial 73,9% são a favor 26,1% são contra

Entre os profissionais que trabalham no formato híbrido 80% são a favor 20% são contra

Entre os profissionais que trabalham 100% home office 85,7% são a favor 14,3% são contra


Desafios

Questionados quanto aos desafios que as organizações podem encontrar ao optarem pela implementação da semana de quatro dias úteis, os profissionais apresentaram os seguintes pontos: - Identificação sobre quais setores da economia estariam aptos ao regime; - Cultura organizacional; - Responsabilidade e comprometimento dos profissionais com a produtividade; - Mudança de mindset dos empresários brasileiros; - Falta de confiança dos líderes. Apesar das possíveis dificuldades apontadas, o índice de profissionais que considera possível manter 100% da sua produtividade atual trabalhando um dia a menos na semana chega a 65,4%. No entanto, para 252 respondentes (52,1%), apenas algumas organizações e alguns profissionais estão preparados para adotar esse modelo.

Confira aqui a íntegra do levantamento realizado pelo CRA-SP.

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